Um olhar diferente para a informação

Arquivo para setembro, 2008

O preço da liberdade

Há alguns anos li um texto de auto-ajuda que falava sobre a importância de dar valor ao que temos, ou melhor, ao valor que nós damos as coisas que perdemos. O texto dizia mais ou menos assim:

– Quer saber o preço de um amor? Pergunte a alguém que foi abandonado.
– Quer saber o preço da sua saúde? Pergunte a alguém que está muito doente.
– Quer saber o preço da liberdade? Pergunte a alguém que está preso.

Pergunte a alguém que está preso. Hoje essa frase ficou martelando minha cabeça e decidi fazer dela o meu retorno ao Blog, depois de três meses.

Passei a manhã desta terça-feira, 16 de setembro, no Tribunal de Justiça do Estado para cobrir o julgamento de 10 acusados de matar um agente da Polícia Federal em dezembro de 2002, na cidade de Almerim, oeste do Pará. Mas não é exatamente sobre o julgamento que quero falar, e sim as circunstâncias que me vieram a cabeça.

Depois de dois dias e mais de dezesseis horas de julgamento a sentença foi a seguinte: sete absolvições e três condenações. O resultado teve apoio até da promotoria que afirmou que o processo estava cheio de erros e por isso os sete réus precisavam ser libertos.

Mas agora é que vem o motivo deste post. Entrevistando um dos absolvidos ele disse:
– Fui preso injustamente, não pude ver meu filho crescer… (choro)…

Seguida dessa frase incompleta e que ao mesmo tempo disse tudo, veio um abraço na mãe que também chorava. Neste exato momento veio a frase: Quer saber o valor da liberdade? Pergunte a alguém que está preso.

Imagina o que é estar preso, injustamente (o que foi provado e reconhecido até pela acusação) durante quase seis anos, privado da liberdade, de ver o filho crescer, de poder ir e vir sem estar algemado ou dentro de um camburão.

Aquele choro, aquele abraço tinha pelo menos cinco anos de atraso, cinco anos de angústia.
Imagine o que é ficar preso por todo esse tempo e você sabendo que é inocente. Ao pensar nisso naquele momento, confesso que minha cabeça entrou em desespero.